As 10 propostas sobre propriedade intelectual apresentadas aos presidenciáveis.

propostas sobre propriedade intelectual

A Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI) encaminhou aos presidenciáveis 10 propostas versando sobre propriedade intelectual para melhoria do atual sistema, dentre elas está reduzir o tempo para concessão de patentes e marca, regulamentar o registro de invenções decorrentes da biodiversidade e criar varas especializadas em propriedade intelectual.

O documento requer ao próximo presidente que diminua o tempo de análise e concessão de patentes e marcas, em consonância ao Protocolo de Madri, ao qual o Brasil se tornou signatário recentemente, pleiteando também a atribuição de autonomia administrativa ao INPI, a capacitação dos serviços e a modernização de sua estrutura física.

Dentre as recomendações, requer-se regulamentar as atividades de pesquisa, desenvolvimento e patenteabilidade de invenções da biodiversidade brasileira e recursos genéticos, já que, segundo a proposta “a legislação impõe obstáculos desnecessários à pesquisa nacional e é ineficaz para impedir os casos de biopirataria”.

Além destas sugestões de alteração, a ABPI deferente a reforma da Lei da Propriedade Industrial – a Lei 9.279/96, e a Lei da Inovação – a Lei 10.973/04, de modo a facilitar a obtenção de crédito voltado à inovação e a criação de programa de inventivo à atividade, possibilitando patentes de tecnologias verdes e viabilizando o registro de marcas sensorialmente perceptíveis, ou seja, aquelas que são percebidas não só pela visão.

O fim da obrigatoriedade de obtenção de anuência prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a concessão de patentes da área farmacêutica é mais uma recomendação da entidade. Para ela, essa exigência “é responsável pela demora ainda maior de um sem número de pedidos de patentes, de setores em que a inovação é fundamental”.

A Associação também sugere o endurecimento das punições para violações de direitos da propriedade intelectual, tanto na esfera cível quanto na penal, para tanto, pede a ampliação do número de varas e câmaras judiciais especializadas na matéria.

Com o avanço da economia digital, propõe a modernização e consolidação das normas de direitos autorais e reforço na luta contra a pirataria. Um caminho para isso seria fortalecer o Conselho Nacional de Combate à Pirataria do Ministério da Justiça e o enfrentamento aos crimes contra a propriedade intelectual.

Advogado Autor do Comentário: Rafael Bruno Jacintho de Almeida
Manchete: Associação apresenta 10 propostas sobre propriedade intelectual a presidenciáveis
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Licença Compulsória, popularmente conhecida como “quebra da patente”.

Novamente questões envolvendo o governo federal e os direitos sobre patentes de medicamento ganha manchete em nosso país. O componente desta vez é o sofosbuvir, remédio recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e que é objeto de disputa entre o Farmanguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz) e a farmacêutica norte-americana Gilead.

Nas matérias que tem sido veiculadas na imprensa é possível verificar que em diversas oportunidades são exploradas informações acerca da possibilidade de o governo federal economizar bilhões de reais com essas iniciativas.

Contudo, lembramos que a Lei da Propriedade Industrial garante ao titular de uma patente o direito de exploração de seu invento de forma exclusiva, sendo vedado a qualquer competidor a reprodução sem a devida autorização do titular da patente, nos termos do Art. 42 da Lei 9.279/96, o qual dispõe que a patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos: I – produto objeto de patente; II – processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.

Na mesma linha, o Governo Federal necessita da mesma autorização do titular para reproduzir a patente ou mesmo franquear a terceiros a produção para a utilização aos seus populares. Contudo, a mesma lei da propriedade industrial oferece ao Governo Federal o mecanismo do Licenciamento Compulsório das Patentes, vulgarmente conhecido como quebra da patente, contido nos artigos 71 e 68 da mencionada Lei da Propriedade Industrial, os quais determinam: “Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.” e “ Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial.”

Resta evidente que esta modalidade de intervenção no domínio patrimonial dos particulares possui a sua base definida pelo princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado.

Nesta esteira lecionam tradicionais doutrinadores como Celso Antônio Bandeira de Mello, Hely Lopes e Maria Sylvia Di Pietro, sustentando a supremacia do interesse público sobre o particular consubstancia um princípio do ordenamento jurídico brasileiro, ainda que não esteja expressamente contemplado em nenhum texto normativo. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, a prevalência dos interesses da coletividade sobre os interesses dos particulares é pressuposto lógico de qualquer ordem social estável e justificaria a existência de diversas prerrogativas em favor da Administração Pública, tais como a presunção de legitimidade e a imperatividade dos atos administrativos, os prazos processuais e prescricionais diferenciados, o poder de autotutela, a natureza unilateral da atividade estatal, entre outras.

Em se tratando de patente, a qual se caracteriza por um direito, conferido pelo Estado, que dá ao seu titular a exclusividade da exploração de uma tecnologia, possui garantia constitucional, na medida em que o Art. 5º, inciso XXIX da CF assim nos define: “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização (..) tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País”

Colocando de lado o apelo da saúde pública que afeta diretamente a população de nosso país, a análise da licença compulsória sob o prisma legal se torna demasiadamente complexo, pois temos em uma mão as questões umbilicalmente ligadas as garantias constitucionais do particular que promove o desenvolvimento nacional, calcado em investimento no desenvolvimento de novas tecnologias e noutra mão temos o interesse público, o qual tem sido colocado a prova pelos novos doutrinadores constitucionalistas, na medida em que defendem a incompatibilidade do princípio da supremacia do interesse público com o ordenamento constitucional brasileiro, com base, principalmente, nos seguintes fundamentos: 1) o referido princípio desconsidera a relevância atribuída pela Constituição a todo o conjunto de direitos fundamentais; 2) trata-se de um princípio que não tem estrutura normativa de princípio, pois não admite ponderações com outros valores constitucionais; 3) a fluidez conceitual do termo interesse público dá margem a inúmeras arbitrariedades estatais; 4) interesses públicos e interesses privados não são antagônicos, mas pressupõem se mutuamente.

Ao nosso ver essa discussão entre a supremacia dos interesses é dissipada na medida em que a parte final do art. 71 da Lei da Propriedade Industrial assegura ao titular da patente todos os seus direitos, com a seguinte dicção: “sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.” Logo, é evidente que ao “quebrar uma patente”, melhor dizendo, ao licenciar compulsoriamente uma patente, atendendo aos requisitos da lei de regência e que somente ocorre em situações excepcionais, o Governo Federal continua obrigado a indenizar o titular do direito através de royalties, excetuado as hipóteses de abusos contida no artigo 68 da mesma Lei da Propriedade Industrial.

Assim, concluímos que a economia que se terá com o Licenciamento Compulsório não será da totalidade com os gastos que o Governos Federal obteria com a compra do objeto da patente diretamente com seu titular, mas sim pela diferença do que pagaria subtraído os custos de produção de uma empresa ligada ao Governo Federal e acrescido de royalties ao titular da patente em questão, sendo certo que processos mais eficazes para licitação para a aquisição de produtos similares poderia ser uma forma mais eficiente e barata de baixar os custos da máquina pública.

Advogado Autor do Comentário: Pedro Zardo Junior
Manchete: UOL: Fiocruz quer fim da patente de droga para hepatite C; SUS pouparia bilhões
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Remuneração de atores, diretores e roteiristas é questionada pela classe artística

Diferentemente do sistema de remuneração utilizado na área de produção musical, a compensação paga para atores, diretores e roteiristas é feita majoritariamente por obra executada, o que resulta em um conteúdo que pertence 100% à produtora.

Como detém todos os direitos do conteúdo, a produtora é livre para vender irrestritamente um programa ou filme para diversos canais de exibição, sem ter a obrigação de compensar os atores por cada nova exibição.

Um grande exemplo de venda irrestrita é o programa do Chaves, que foi vendido ao SBT nos anos 70, onde segue sendo veiculado até hoje, e posteriormente foi rendido também ao Multishow, onde recebeu nova dublagem em alguns trechos e também está em exibição.

Assim como acontece com os atores, diretores e roteiristas do programa do Chaves, os artistas brasileiros também não recebem nenhuma forma de compensação por reprises e vendas para novos canais, o que gera grande insatisfação com o modelo de negócios atual.

A intenção dos artistas é que seja adotado um sistema similar ao que existe para músicos, interpretes e produtores, que são remunerados com base no números de execuções de suas obras.

Essa discussão segue aquecida, e a tendência é que cada vez mais operadores das artes busquem compensações coerentes com o sucesso que suas obras atingiram.

Advogada Autora do Comentário: Vittória Cariatti Lazarini
Manchete: Roteiristas, Diretores e Atores brigam para receber por reprises em várias plataformas
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O que muda com a Lei de Proteção de Dados?

A aprovação da Lei de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018) é um marco importante para a proteção da privacidade no Brasil, contudo, a complexidade da lei e de sua implementação levantam diversas dúvidas, tanto no público consumidor quanto em relação às empresas que precisam se adequar à nova legislação.

O principal ponto de mudança imposto pela nova lei é a necessidade de comunicar e informar quais os dados que serão coletados, como será o uso e sua análise (tratamento) e, por último, para qual finalidade os dados são coletados (fins comerciais, publicitários, etc…).

A dificuldade em realizar essa abertura é que certos segredos de negócio podem ser atingidos (divulgados) por meio da comunicação ao usuário, o que pode impactar negativamente diversas empresas. Por outro lado, do ponto de vista do usuário, existe a dúvida de como avaliar se os seus dados estão sendo realmente utilizados para as finalidades apresentadas e no limite da forma descrita inicialmente pela empresa.

A próxima etapa da implementação da legislação dependerá da adesão do mercado e da fiscalização desta pelo Estado e pelos usuários, o que é, aliás, outro ponto de conflito, especialmente considerando que a criação de autoridade fiscalizadora foi vetada quando da sanção da lei, o que cria uma série de dúvidas em relação a como a legislação de proteção de dados será implementada e, acima de tudo, fiscalizada.

Advogado Autor do Comentário: Luciano Del Monaco
Manchete: Saiba o que muda com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/saiba-o-que-muda-com-a-lei-geral-de-protecao-de-dados-pessoais.shtml

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